O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho, oferece uma oportunidade de refletir sobre o que temos a comemorar no Brasil. Realmente, houve muito avanço nas últimas duas décadas. Nem tudo deu certo. Mas ainda há muito que fazer, ajustando rumos.
Do lado positivo, destaca-se a popularização do tema, com consciência generalizada de biodiversidade e agora de aquecimento global, graças à cobertura jornalística e às escolas. A sociedade conta com centenas de organizações ambientalistas, muitas das quais profissionalizadas, bem como cidadãos ciberativistas e movimentos sociais voltados para a sustentabilidade.
Foram definidas metas brasileiras de redução de emissões de gases de efeito estufa e estabelecidos instrumentos financeiros como o Fundo Amazônia e o Fundo Clima. O pagamento por serviços ambientais está se tornando realidade. O ICMS Ecológico foi adotado em alguns estados. Foram criadas muitas unidades de conservação, especialmente na Amazônia. Surgiram políticas e programas específicos para povos e comunidades tradicionais, como também para cadeias e preços mínimos de produtos da sociobiodiversidade.
Concretamente, houve redução do desmatamento na Amazônia e na Mata Atlântica, bem como reconhecimento da importância dos biomas Cerrado e Caatinga. Nossa matriz energética é das mais limpas do mundo.
Institucionalmente, os grandes partidos políticos desconsideram meio ambiente. As ONG estrangeiras pautam as agendas. O meio ambiente continua isolado e fragmentado em convenções e departamentos em vez de ser tratado de forma sistêmica e transversalizada. A legislação considerada avançada mostra-se inaplicável.
Internacionalmente, as negociações sobre clima e biodiversidade estão emperradas. O foco muda para “economia verde” paralela em vez de mudanças nos padrões de produção e consumo. Para o futuro, e inclusive para o Brasil se sair bem na Conferência Rio+20 em 2012, precisamos de conhecimento relevante e útil, engajamento cívico construtivo e novas políticas e praticas institucionais e individuais, num enfoque socioecossistêmico. Podemos exercer liderança mundial. Depois de avanços, enfrentamos novas crises, mas lembremos que crises também oferecem novas oportunidades.
*Donald Rolfe Sawyer, vice-diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília (UnB). Ph.D. em Sociologia pela Universidade de Harvard, pós-doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Yale (EUA) e em Ciências Humanas pela Universidade da Flórida. Fundador e assessor do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), atua principalmente nas áreas de População e Meio Ambiente, Socioeconomia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
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