As riquezas deixadas pela natureza são ignoradas e atualmente o lixo faz parte deste histórico, pois o processo de reciclagem que deveria ser cumprido por todos ainda não é ativo. A palavra reciclar passou a ser utilizada com mais frequência na década de 70, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor, especialmente após o primeiro choque do petróleo, quando a ação ganhou importância estratégica.
As indústrias recicladoras são também chamadas secundárias, por processarem matéria-prima de recuperação. Na maior parte dos processos, o produto reciclado é completamente diferente do produto inicial. No setor automobilístico, algumas montadoras já se conscientizaram deste fator tão importante e passaram a oferecer locais para coleta de resíduos automotivos, como vidro, borracha, plástico, metal, entre outros. A reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os resíduos e reutilizá-los no ciclo de produção de outros objetos. É o resultado de uma cadeia de atividades, pela qual materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima para novos produtos. Ou seja, dentre tantos materiais de veículos que não são mais úteis para o setor automotivo.
Montadoras como Fiat e General Motors aderiram à reciclagem e atualmente reciclam os materiais do segmento para este processo. A GM instituiu dentro das instalações da empresa os ‘Ecopontos’, locais de coleta que possibilitam a melhoria da separação dos resíduos reciclados dos não-reciclados. Neles, é feita a triagem antes de serem enviados ao destino final. Nos Ecopontos, os resíduos são avaliados e separados em contêineres divididos por cores, da seguinte forma: lixo comum (marrom), papel branco e papelão (azul), plásticos (vermelho), sucata metálica (amarelo) e sucata de madeira (preto). Também é observado se os resíduos estão ensacados e dispostos nos respectivos contêineres corretamente. Além da reciclagem de resíduos comuns, a GM também recicla materiais como isopor, lubrificantes, peças metálicas, madeira e borra de tinta. Esses materiais são reaproveitados no processo de produção dos veículos.
Segundo a marca, aproximadamente 8% dos para-choques dos veículos produzidos nas fábricas de São Paulo e São José dos Campos, ambas no Estado de São Paulo, possuem plásticos reciclados em sua composição. Já dos pneus são extraídas algumas matérias-primas, tais como tecido emborrachado, granulado de borracha, aço e massa de borracha, que servem como insumo para diversos produtos. “Há dois anos adotamos esse processo, que está sendo implementado em outras unidades. Nossa intenção é continuar fazendo um intenso trabalho junto aos nossos fornecedores mostrando a importância do reaproveitamento de materiais. Eles são auditados e avaliados, conforme a legislação vigente no País e também os nossos procedimentos internos da GM, que são bastante exigentes”, comenta Cláudio Eboli, diretor da GM do Grupo Global de Instalações - na América do Sul.
A empresa se preocupa em fiscalizar todo o processo de reciclagem de resíduos nas unidades da General Motors, e é cuidadosamente gerenciado por profissionais especializados na área, responsáveis pelas elaborações de relatórios e auditorias. São pelo menos dois engenheiros ambientais em cada fábrica, que fazem o acompanhamento de todo o processo.
O processo de reciclagem é muito importante, não apenas para diminuir o acúmulo de resíduos, como também para poupar a natureza da extração inesgotável de recursos. No caso de materiais como plástico provêm da queima indevida e sem controle. Quando a disposição é feita em aterros, os plásticos dificultam sua compactação e prejudicam a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, pois criam camadas impermeáveis que afetam as trocas de líquidos e gases gerados no processo de biodegradação da matéria orgânica.
Os metais são materiais de elevada durabilidade, resistência mecânica e facilidade de conformação, sendo muito utilizados em equipamentos, estruturas e embalagens em geral. A grande vantagem da reciclagem de metais é evitar as despesas da fase de redução do minério a metal. Essa fase envolve alto consumo de energia e requer transporte de grandes volumes de minério e instalações caras, destinadas à produção em grande escala.
A reciclagem de vidro significa enviar aos produtos de embalagens o vidro usado para que este seja reutilizado como matéria-prima para a produção de novas embalagens. O vidro é um material não-poroso que resiste a temperaturas de até 150°C sem perda de suas propriedades físicas e químicas. Esse fato faz com que os produtos possam ser reutilizados várias vezes para a mesma finalidade.
O vidro é 100% reciclável, não ocorrendo perda de material durante o processo de fusão. Para cada tonelada de caco de vidro limpo, obtém-se uma tonelada de vidro novo. Além disso, cerca de 1,2 tonelada de matéria-prima deixa de ser consumida. Os pneus usados podem ser reutilizados para reciclagem após recauchutagem. Esta consiste na remoção por raspagem da banda de rodagem desgastada da carcaça e na colocação de uma nova banda.
Após a vulcanização, o pneu recauchutado deverá ter a mesma durabilidade que o novo. A economia do processo favorece os pneus mais caros, como os de transporte de caminhão, ônibus e avião. A montadora Fiat também participa dessa ‘corrente’ ecologicamente correta. Desde a sua instalação no Brasil, em 1976, a Fiat tem se preocupado com a responsabilidade socioambiental que abrange desde o projeto de novos produtos, o processo produtivo e a utilização de veículos.
Atualmente todos os materiais que sobram das produções de veículos Fiat passam por reciclagem e recebem nova vida em outros objetos. Já na construção da fábrica da Fiat em Betim/MG, foram instaladas as estações de tratamento de água, resíduos e ar. Em 1989, foi criada a área de Ecologia e Energia da Fiat. Em 1994, implantou-se a coleta seletiva e a reciclagem de materiais na Ilha Ecológica. A Ilha Ecológica está instalada em uma área de 30 mil m², dentro da fábrica, para onde são destinados todos os resíduos sólidos gerados no processo produtivo dos veículos.
Em 1996, cada carro produzido pela marca gerava 400 kg de resíduos. Hoje, este volume foi reduzido para 210 kg. Por outro lado, o percentual de resíduo reciclado subiu de 70% para 93%. Todo resíduo sólido gerado na fábrica tem um destino ambientalmente correto. As caixas de isopor que a Fiat recebe com embalagem de peças e componentes, são quatro toneladas por dia. Esse material tem destino certo, pois desde 1995, foi desenvolvida uma tecnologia pioneira no mundo para o picotamento e condensação do isopor, transformando-o em (poliestieno), utilizado como matéria-prima para a fabricação de peças plásticas como canetas, solas de sapato, utensílios domésticos etc. 100% do isopor recebido pela Fiat é reciclado através deste processo.
O consumo de água da Fiat em 1996 era de 3 milhões m³ por ano. Em 2006, foi reduzido à metade. Em contrapartida, a quantidade tratada e recirculada desta água subiu de 60% para 92%. A meta é atingir 95%. O consumo de água por veículo produzido foi reduzido de 8 m³ para 3,2 m³, entre 1996 e 2006. A Fiat também controla totalmente as emissões atmosféricas de gases tóxicos, com pós-combustores dos fornos de secagem da pintura que consumiram um investimento de US$ 11,5 milhões.
Para João Teodoro Freitas, gerente de marketing da Fiat, a reciclagem é um ato muito importante para marca. “Preocupamo-nos em fazer a reciclagem de todos os resíduos possíveis e até da água utilizada, com isso, conseguimos economizar financeiramente e investir em projetos sociais da empresa”. Após entendidos os conceitos acima, segue uma tabela sobre a composição média dos materiais nos veículos. Destesmateriais, os destacados em vermelho somado a alguns tipos de plásticos (dependendo do modelo do veículo e características de construção) são os que são mais difíceis de realizar o descarte correto (conseqüentemente a reciclagem). O CESVI Brasil - Centro Técnico de Segurança Viária - ainda está estudando as particularidades destes materiais, assim como os fornecedores e processos de reciclagem/reutilização/destinação, argumenta Emerson Feliciano, supervisor técnico da Entidade.
Para as montadoras GM e Fiat, a importância da reciclagem está ligada a diversos fatores como economizar energia, poupar recursos naturais e trazer de volta ao ciclo produtivo do que é jogado fora, dando assim vida nova a outros objetos. “Nosso objetivo não é só atender à Legislação. A questão da reciclagem é uma política da GM, na qual seguimos normas muitas vezes até mais rígidas do que as oficiais”, conclui Eboli.
Processos
Segundo Emerson Feliciano, supervisor técnico do Cesvi Brasil, a reciclagem de automóveis, passa por dois processos de utilização:
Reciclagem de Materiais: É o processo mais comum, em que apenas os materiais são preservados, perdendo a forma original da peça. A sua aplicação encontra-se difundida, uma vez que permite uma desmontagem destrutiva e menos dispendiosa. A reciclagem de automóveis com vista à recuperação dos materiais bases permite que o veículo seja reciclado com a utilização de tecnologia de Fragmentação em “Shreders” (tecnologia que ajuda na reciclagem sem o uso de produtos químicos).
Reutilização de Componentes: A reutilização de componentes é prioridade do ponto de vista ambiental (a que o CESVI hoje recomenda), uma vez que nesta, os recursos empregados na produção (sejam eles recursos materiais ou energéticos) são preservados. Consegue-se assim um menor impacto ambiental uma vez que não só o volume de material descartado é menor, como o consumo de energia e de matéria-prima durante a fabricação diminui.
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